Share |

ZEE e quotas

A retoma da pesca da sardinha vem infelizmente demonstrar que a recuperação das reservas da espécie não ocorrerá no corrente ano, depois de um longo defeso de seis meses. Os dados científicos são inequívocos: pescou-se sardinha a mais na última década. Aqueles que andaram durante anos a vender ilusões às gentes do mar afirmando categoricamente que as quotas de pesca eram injustas ou que deveríamos aumentar a frota porque temos a maior ZEE (Zona Económica Exclusiva) da UE, na realidade andaram a afastar-nos daquelas que deveriam ser as estratégias sustentáveis.
Em vez de esticar a corda das quotas de espécies ameaçadas durante negociações em Bruxelas, deveríamos ter promovido a economia de espécies com reservas estáveis. O carapau ou a cavala que temos em abundância possuem um potencial económico muito superior ao pastel de nata. É necessário apenas um pouco de imaginação, iniciativa e vontade política para promover estas espécies.
Em vez de lirismos sobre a extensão da nossa ZEE, deveríamos ter explicado que apenas uma pequena faixa marítima de cerca de duas dezenas de quilómetros junto à costa tem uma profundidade adequada à proliferação de espécies de peixe que consumimos. Logo após esta faixa, o oceano é demasiado profundo para as pescas. Teremos que trabalhar mais em terra firme, na indústria da transformação de pescado, na investigação, nos serviços, e não na quantidade.