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Tudo ao contrário

Segundo a edição da publicação Dinheiro Vivo de 11 de abril, o administrador de empresas cotadas na Bolsa de Lisboa que maior remuneração auferiu em 2014 foi José Honório. Apesar de ter deixado a presidência da comissão executiva da Portucel Soporcel em janeiro deste ano, Honório recebeu cerca de 893 mil euros da papeleira e ainda 590 mil euros da Semapa, uma empresa ligada à própria Portucel, ao cimento e à área de ambiente. No total José Honório recebeu quase 1,5 milhões de euros.
A elevadíssima remuneração de José Honório não é um caso isolado dentro do grupo que presidiu. Os 15 quadros mais bem pagos da Portucel Soporcel auferem salários estratosféricos quando comparados com os trabalhadores, mas o mais grave é que o rendimento destes quadros tem aumentado nos últimos 10 anos a um nível 10 a 40 vezes superior ao aumento médio atribuído aos trabalhadores.
Estas são práticas típicas do capitalismo moderno, do frenesim especulativo que cria uma pressão enorme sobre as remunerações dos conselhos de administração das grandes empresas cotadas em bolsa. Os salários da administração são interpretados como um indicador da saúde da empresa. Hoje, os mercados financeiros têm tendência a valorizar as ações de administrações que auferem remunerações mais elevadas, paradoxalmente as mesmas ações também valorizam quando se pagam salários mais baixos aos trabalhadores.