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Piscina do Grande Hotel

Era assim que apelidávamos a piscina mar. Hoje, o Grande Hotel é o Mercure Figueira da Foz Hotel. Foi nos anos 80 que os meus pais me ofereceram um cartão mensal de acesso à piscina. Sem querer apelar a falsas nostalgias, a piscina mar tinha uma vivência interessante própria de uma cidade balnear, tinha os seus clientes habituais, de décadas, espanhóis, a aristocracia local, tinha os seus fanfarrões, os exibicionistas e nós, os putos. Para nós, desde o lava-pés à prancha dos 10 metros, tudo servia para a brincadeira. Havia uma vivacidade natural na piscina mar durante aqueles meses de verão, era um negócio estável, de décadas. Clientes e empregados tratavam-se pelo nome.
Recentemente, foi atribuída a nova concessão da piscina mar, apenas por quatro meses. As experiências de concessão recentes oscilaram entre a megalomania e a charlatanice. Desde 2010, a piscina deu cerca de 130 mil euros de prejuízo à câmara. Tal como outras instituições figueirenses, a piscina mar abandonou a filosofia para a qual foi pensada e projetada pelo seu arquiteto e foi lançada à voracidade de investimentos efémeros que assombraram a Figueira nos anos 90, com gestões erráticas, irresponsáveis e duvidosas. Dá a sensação que algumas das gestões destes espaços até se esforçaram para os levar à falência. É o capitalismo dos tempos modernos, que continua bem presente na Figueira.