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O paradoxo do desemprego

Na entrevista de fundo que deu à Foz do Mondego Rádio e ao diário As Beiras, o Presidente da Câmara é interpelado sobre a taxa de desemprego no concelho, cerca de 11 a 12%, a mais alta do distrito. Sabendo que a Figueira é também o concelho mais industrializado do distrito, não podemos fugir ao paradoxo que estes dois indicadores levantam.

Não podemos deixar de questionar que emprego é que a indústria figueirense oferece, sobretudo quando entre estas empresas temos uma das maiores exportadoras do país. A explicação não se esgota na progressiva automatização do trabalho. Nestas empresas, o recurso à subcontratação é generalizado.

Muitos dos subcontratados passam por situações de precariado prolongado, com passagens frequentes pelo desemprego. Obviamente que este tipo de emprego não atrai os jovens, repele jovens. A diferença crescente entre o salário de diretores e dos trabalhadores das empresas ainda piora o quadro. Os diretores apanhados recentemente nos Documentos do Panamá ilustram bem a natureza do problema.

A iniciativa do executivo para a caracterização do desempregado do concelho é positiva, mas é insuficiente. E que tal caracterizar a oferta de emprego e se o tipo de oferta potencia ou não o desemprego crónico? Ou ainda, que tal caracterizar os interesses dos acionistas e o cadastro fiscal dos diretores? Por aí andarão algumas respostas ao problema.

Publicado no Diário As Beiras – 12 de maio de 2016