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Lua e sal

Na passada semana assistimos a dois fenómenos lunares excecionais. Um eclipse parcial do sol pela lua (total nas Ilhas Faroé e Noruega) e uma “maré do século”. Os dois fenómenos não estão ligados, apesar de dependerem de um certo grau de alinhamento (menos no caso das marés) entre o sol e a lua.
Na verdade, a “maré do século” ocorre de 18 em 18 anos, associada a equinócios de primavera ou de outono. Na costa francesa, junto ao belíssimo Monte de Saint Michel, a diferença entre maré alta e maré baixa pode ultrapassar os 14 metros, durante uma maré do século.
Embora na nossa costa este tipo de fenómenos seja muito menos espetacular, a lua e as marés assumiram, desde há séculos, um protagonismo importante na produção de sal. O método utilizado baseia-se na inundação de um terreno plano abaixo da linha de água da maré alta. Durante um período de maré alta, a comporta do terreno é aberta e a água salgada do mar invade e inunda as múltiplas salinas do terreno. De seguida a comporta é encerrada e, após um processo de evaporação controlada da água do mar, resta no terreno uma crosta de sal.
O sal será depois recolhido, tratado e comercializado. Apesar de os atuais processos de produção de sal serem muito mais sofisticados e dependerem menos da natureza, este é um dos muitos exemplos em que o conhecimento preciso dos fenómenos astronómicos pode ter impacto positivo no nosso quotidiano.