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A esquerda contra o capitalismo radical

Embora o Syriza inclua, na composição da sua designação, a palavra radical, está longe de poder ser considerado um partido radical. Trata-se dum autêntico partido de esquerda, de espetro largo, com algumas semelhanças com o nosso BE. Ocupa um espaço político deixado livre pela deriva dos socialistas para o centro e pelo isolamento do partido comunista, mais preocupado em assegurar a sua sobrevivência.
O que é radical na verdadeira acessão da palavra é o capitalismo dos dias de hoje. A política do FMI é radical, quando aplica uma taxa de 5% aos empréstimos à Grécia e a Portugal. Quantos negócios sérios dão lucros de 5% durante 5 ou 10 anos? Pior. Como se pagam anos a fio 5% de juro, quando o crescimento, na melhor das hipóteses, não descola de 1 ou 2%?
O capitalismo financeiro é radical quando permitiu uma fraude de cerca de 130 mil milhões de euros, só em 2013, graças apenas a esquemas resultantes do segredo bancário (ver G. Zucman, “A riqueza oculta das nações”, Temas e Debates, 2014). Esta quantia seria suficiente para resolver a crise das dívidas de vários países europeus.
O capitalismo financeiro é radical, quando permite esquemas de otimização fiscal através da compra e venda a preços fictícios entre sucursais de multinacionais, como muito provavelmente fará a Jerónimo Martins e outras empresas com sede na Holanda.