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Eleições

De um pouco prático cartão de eleitor regredimos para um ainda menos prático papelinho de eleitor. Durante este ato eleitoral, o papelinho de eleitor apareceu em forma de canto de guardanapo de papel rasgado, post-it, em picotado e até em formato A4. O número de eleitor deveria ser lido do cartão de cidadão por um dispositivo que nunca chegou a ser implementado nas mesas de voto. Os anos passam e o papelinho de eleitor institucionaliza-se.

Entre as reações aos resultados, comentou-se que deveríamos mudar de povo, insinuando-se que o povo seria estúpido. Esta argumentação é que se arrisca a ser um pouco estúpida, apesar de haver quem se esforce muito para estupidificar o povo. Basta ver o que nos oferecem os nossos principais canais de televisão em horário nobre.

Na realidade, todos os partidos de esquerda com assento parlamentar subiram e o somatório de PSD e PP baixou (na Figueira, baixou 15%). As políticas do Governo não foram reforçadas das urnas. O que não houve foi um terramoto entre os partidos que fizeram vista grossa ou protegeram os devaneios do setor financeiro e os crimes da banca, como aconteceu na Grécia e Espanha.

A Tecnoforma, o BES e o Grupo Lena continuam sob investigação e agora teremos mais deputadas e deputados descomprometidos a analisar com rigor a promiscuidade entre governos e o setor financeiro. O povo não é estúpido e o terramoto pode.