Share |

Cozinhar e aquecer

Durante as férias intercetei discretas negociações entre um fornecedor de pratos pré cozinhados congelados para o menu de um restaurante com algum prestígio. O catálogo era bonito e fazia alusão a pratos gourmet. Parte dos restaurantes deixaram de cozinhar para se limitarem a aquecer e a enfeitar pratos pré cozinhados e congelados adquiridos na Makro e afins: arroz de pato, bacalhau com natas, francesinhas, etc.

A restauração baseada na cozinha industrial não é novidade, o que mudou foi a disseminação deste tipo de cozinha nos menus da restauração. O cliente está persuadido que está a comer um prato cozinhado no estabelecimento, quando na verdade está a consumir um prato cozinhado numa fábrica e posteriormente congelado para ser apenas aquecido no estabelecimento em questão.

Num catálogo de um fabricante, o custo do bacalhau com natas é calculado a 60 cêntimos por dose para o restaurante. Num restaurante onde se cozinhe efetivamente bacalhau com natas, o custo de produção da dose não ficará certamente a 60 cêntimos.

Em França, existe a distinção para estabelecimentos com chefe de cozinha, onde não se serve o pré cozinhado. Assim, a concorrência é leal e sabemos se pagamos salários a pessoal de cozinha ou a uma multinacional. Onde se vive do turismo e da gastronomia, seria bom sermos bem claros nesta questão – há postos de trabalho e riqueza