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Ciência ou emigração

Desde que este governo tomou posse, o desgoverno da política científica foi imediato. O Ministério da Ciência foi integrado no Ministério da Educação para poupar em serviço de secretaria. Na prática não foi integrado, o Ministério da Ciência foi extinto, não existe política científica. Paradoxalmente, em tempo de crise e ao contrário de muitos exemplos recentes de países que apostaram com algum sucesso na ciência para combater a crise, este governo interveio na ciência apenas para aplicar cortes.

Foram cortes nas bolsas, cortes nos projetos, cortes nos orçamentos das universidades, cortes nos orçamentos dos centros de investigação e cortes na divulgação científica. As raras intervenções públicas de Passos Coelho sobre a ciência apenas revelaram a sua profunda ignorância, inventou indicadores estatísticos, fez interpretações anedóticas da evolução da ciência no tempo de Mariano Gago, em suma esteve à altura do seu currículo

académico.

Nestes últimos quatro anos emigraram numerosos colegas de norte a sul do país. Foram formados durante décadas nas nossas escolas e universidades, foi um importante investimento nacional que agora é aproveitado por outros países. Um governo que não sabe o que fazer com alguns dos seus recursos humanos mais valiosos é um governo que não merece o país nem as pessoas que governa.