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Ceuta: 600 anos

Completam-se amanhã 600 anos desde a conquista de Ceuta. A partir desse 21 de agosto de 1415, passámos à condição de potência ocupante, até 1975, aquando de um processo de descolonização lamentavelmente tardio.

Em “1415 A Conquista de Ceuta”, de João Gouveia Monteiro e António Martins Costa, ed. Manuscrito de 2015, podemos acompanhar o interessantíssimo relato ficcionado da Crónica da Tomada de Ceuta de Gomes Eanes de Zurara. O enredo é real e bem melhor do que a ficção da especialidade que por aí se publica.

Os preparativos da expedição abrangem o eclipse total do Sol, de 7 de junho de 1415, que para uns era prenúncio de desastre e para outros era o sinal dos céus para atacar a cidade merínida do Reino de Fez. A componente emotiva da expedição aumentou quando a peste ceifou a vida da Rainha Filipa de Lencastre na semana anterior à partida da frota portuguesa.

A primeira aproximação a Ceuta, a 12 de agosto, foi catastrófica: com embarcações desviadas por correntes e neblinas para Málaga, a obrigar ao adiamento do ataque para dia 21 de agosto.

A desorganizada tomada de Ceuta acabou por ser largamente protagonizada pelo Infante D. Henrique, resolvendo- se ao final da tarde, tal era a vantagem numérica das tropas portuguesas que se tinham preparado para um cerco de vários meses. Era uma loucura manter Ceuta, mas o primeiro governador D. Pedro de Meneses sabia-o perfeitamente.