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Areia a menos

Esta semana foram apresentadas publicamente as conclusões do relatório elaborado pelo Grupo de Trabalho do Litoral (GTL), coordenado pelo professor Duarte Santos, que tivemos o privilégio de ouvir em sessão realizada pelo Bloco de Esquerda na Junta de Freguesia de São Pedro.
Ao longo da sessão fomos informados que a corrente marítima que percorre a nossa costa de norte para sul arrasta cerca de 1,1 milhões de metros cúbicos de areia por ano. Antes da construção das barragens, esse volume era alimentado pelos nossos rios. Por exemplo, o Douro debitava para as praias da nossa costa cerca de 900 mil metros cúbicos anuais.

Hoje, depois da rede de barragens construídas em Portugal e Espanha, do Douro apenas 200 mil metros cúbicos de areia chegam à costa. Neste défice anual, a política de construção de molhes e o aumento do nível de água do mar não têm ajudado. O GTL sugere para a Figueira a transferência de parte dos 4,5 milhões de metros cúbicos retidos no areal norte para a margem sul, onde a erosão costeira ameaça as populações.
Significa isto que todos os projetos que envolvem a instalação de tralha no areal deverão ser postos de lado. O relatório indica também que nos últimos 20 anos foram investidos menos de 200 milhões de euros na defesa da nossa costa, a principal montra do nosso turismo. Quantos milhões já enterrámos no BPN e no BES? Não menos de 50 vezes mais.