Brexit: Entre o remain e a independência da Escócia

O desnorte do governo britânico em torno do Brexit atingiu proporções confrangedoras. Os Irlandeses do Norte e da República da Irlanda não admitem o retorno de uma fronteira entre os dois territórios.

Temem que a fronteira volte a trazer velhas tensões e ponha em causa o processo de paz que tanto custou a ser implementado. Curiosamente, foi a própria União Europeia que financiou diversos programas bem sucedidos de pacificação da Irlanda do Norte. 

Para a Escócia, o Brexit será uma oportunidade de ouro para a independência. Está prevista a possibilidade de realização de um novo referendo à independência da Escócia, caso haja alguma alteração política fundamental da política britânica. O Brexit preenche esse requisito. 

Como se não bastasse a ameaça de desintegração do Reino Unido, o seu próprio partido divide-se entre fações pró e contra Theresa May, resultado das indecisões e dos ziguezagues políticos da condução do processo do Brexit. O desfecho será difícil de prever. 

Ainda há quem espere um novo referendo com uma vitória provável para o remain, mas no outro extremo de probabilidades poderá estar uma possível disrupção da economia britânica se se enveredar por um Brexit selvagem. Foi fácil para os populistas propagar mentiras e receios fantasiosos sobre a imigração para vencerem o referendo do Brexit. 

A verdade é que nenhum deles fez o trabalho de casa sobre a preparação da saída do Reino Unido da União Europeia e poucos refletiram com honestidade entre o que os britânicos vão ganhar e perder com a saída da União. 

Vai se iniciar mais uma dura semana no Parlamento Britânico. No exterior acumulam-se os manifestantes contra o Brexit. Parece difícil uma revolução de última hora para impedir o isolamento dos britânicos. 

O pior poderá mesmo acontecer, mas o pior aumenta fulgurantemente a probabilidade de desencadear algo de positivo para a Europa: um novo 28º membro, uma nova república, a república da Escócia.

Publicado no LUX24 - 25 de março de 2019